– Pois não, seu Washington. Que posso fazer pelo senhor? Houve algum problema?
– Ah, eu só tô ligano pra visá pro sinhô qui o seu papagai morreu.
– Meu papagaio? Morreu? Aquele que ganhou o concurso?
– Ele mermo.
– Puxa! Que desgraça! Gastei uma pequena fortuna com aquele bicho! Mas… ele morreu de quê?
– Dicumê carne istragada.
– Carne estragada? Quem fez essa maldade? Quem deu carne para ele?
– Ninguém. Ele cumeu a carne dum dos cavalos morto.
– Cavalo morto? Que cavalo morto, seu Washington?
– Aquele puro-sangue qui o sinhô tinha! Eles morrero de tanto puxá carroça dágua!
– Tá louco? Que carroça d’água?
– Prapagá o incêndio!
– Mas que incêndio, meu Deus?
– Na sua casa… uma vela caiu, aí pegô fogo nascurtina!
– Caramba, mas aí tem luz elétrica! Que vela era essa?
– Do velório!
– De quem?
– Da sua mãe! Ela apareceu aqui sem avisá e eu dei um tiro nela pensando que era ladrão!
– Meu Deus, que tragédia (começa a chorar)…
– Peraí sô Carlos, o sinhô num vai chorá pur causa dum papagai, vai?
Um abraço GB.